Texto: João 14.1-18
Sabe aquele momento em que você tem somente com
aqueles que são os mais próximos de você? Era esse o momento em que Jesus passa
com os discípulos aqui. Um momento particular. E geralmente quando temos momentos
particulares com alguém ou com amigos ou familiares tratamos de assuntos de
interesse particular do grupo ou da pessoa. Eles estavam ali reunidos para
celebrar a páscoa juntos.
Na mesa dessa ceia da páscoa ele mostra como
deveríamos tratar uns aos outros quando lava as os pés dos seus discípulos com
uma bacia e uma toalha. Sim, ele mesmo, o Rabbi (mestre), lavando os seus pés.
Na mesma mesa revela que um deles o trairia, revela que ele iria embora. Ele
revelou simbolicamente no pão e no vinho da páscoa o que seu corpo e sangue
seria ofertado para estabelecer a nossa redenção e pediu-os para fazer memória
dele.
Pedro e os demais ficaram atônitos e perturbados com
tantas revelações em uma reunião que era para ser uma noite de paz e de alimentação tranquila, porém, torno-se um jantar de muitas surpresas, de muitas
inquietações e desconfiança uns dos outros. Afinal, ele disse abertamente: “Em
verdade, em verdade vos digo que um dentre vós me trairá”. (Jo.13.21). E ainda
ao Pedro que dizia querer ir com ele e que daria a sua vida por ele revela que
o negaria três vezes.
Imaginemos todos, alguém que amamos e seguimos há
uns três anos. Passamos toda parte do tempo com ele. De repente em um jantar
nos diz que um de nós o trairá que ele vai embora, que seu corpo e sangue seriam
derramados. Que até um dos primeiros a ser chamado a acompanhá-lo o negaria?
Diante desse momento de revelações inquietantes,
perturbadoras e sem sentido naquele momento. Jesus olha para o semblante de
seus rostos e os conforta. É nesse momento que começa o capítulo 14 de João. Um
capítulo que trás bálsamo para alma deles e por tabela trás para a nossa
também. E é por aqui que Deus vai nos falar.
Lição 1: A fé
em Deus e em Jesus é uma poderosa âncora que sustenta o barco da nossa vida. Ele disse: “Não se turbe o
vosso coração; credes em Deus, crede também em mim”. Onde a palavra “turbe” vem
do texto grego que quer dizer também: “agitar, sacudir, inquietar, preocupar,
tirar sua paz de mente, causar uma comoção interna”. Jesus percebeu que tudo o
que foi revelado momentos antes deixou todos abalados. Todavia, exorta-os a
crer (confiar) em Deus e nele. Acima de qualquer circunstância que possa vir.
Nossas vidas se deparam todo momento com situações
parecidas a essas em que os discípulos passaram: decepções, traições, abandonos
de pessoas, frustrações consigo mesmo, morte de alguém que amamos; notícias
ruins, medo, espanto, perigo. Todavia, as palavras de Cristo aqui permanecem
pra sempre saltando do texto para nossos corações exortando-nos a confiar em
Deus e confiar nele.
Lição 2: Cristo
não foi embora simplesmente. Ele deixou claro o motivo de sua partida: “vou
preparar-vos lugar”. Ele revela aos discípulos coisas ainda maiores aqui.
Revela que: “Na casa de meu Pai há muitas moradas”. Revela que: “voltarei e vos
receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também”. Revela
que o caminho das moradas do Pai é ele. E diz algo mais profundo ainda: “Quem
me vê a mim vê o Pai”.
Se você pensa que Jesus esteja ausente de sua vida por
algum tempo. Saiba que ele está trabalhando. E creia que não há nada que
venhamos a passar que seja superior ao que ele tem a nos entregar. A esperança
da vinda de Cristo foi, é e sempre será o combustível da igreja durante todas
as suas provas, tribulações e aflições que passa, passará ou que já passou. Ele
não foi embora simplesmente. Ele foi preparar-nos um lugar. Não temas, o
silêncio de Deus em tua vida não quer dizer que ele esteja parado.
Lição 3: O
cristão não está sozinho. Ele disse: “Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim
de esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode
receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis porque ele habita e
estará em vós”. Jesus garante aos discípulos que o Espírito Santo que estava
presente deles desde o início do seu ministério não o acompanharia nessa
partida, mas que ele estaria dentro de seus corações.
Você e nem eu estamos sozinhos, como o apóstolos
Paulo escreveu por três vezes, somos agora santuário de Deus. Através do
Espírito Santo, Deus e Cristo habitam em nós. E muitas das vezes, como o mesmo
Paulo escreveu: “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa
fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede
por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis”. (Rm.8.26). No texto grego, a
palavra “gemidos” quer dizer literalmente “suspiro”.
Saiba caro irmão, não estamos sozinhos, ele nos
assiste. E em meios aos suspiros de nossa alma ele transforma em palavras que
chegam junto ao trono do Pai celestial. O Espírito Santo na vida do cristão é o
“penhor” da volta de Cristo. Ele voltará para nos buscar. A Bíblia nos diz:
“que também nos selou e nos deu o penhor do Espírito
em nosso coração” (2Co.1.22).
“Ora, foi o próprio Deus quem nos preparou para
isto, outorgando-nos o penhor do Espírito”. (2Co.5.5).
“o qual é o penhor da nossa herança, ao resgate da
sua propriedade, em louvor da sua glória”. (Ef.1.14).
Lição 4: Jesus
não abandonou a sua igreja. Ele disse claramente: “Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós
outros”. A Bíblia quando trás instruções aos casados, ela nos diz: “Cristo é o
cabeça da igreja, sendo este mesmo salvador do corpo [...] Cristo amou a igreja
e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado
por meio da lavagem de água pela palavra, para apresentá-la a si mesmo igreja
gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito
[...] Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida,
como também Cristo o faz com a igreja [...] Grande é este mistério, mas eu me
refiro a Cristo e à igreja”. (Ef.5.23b,25b,29,32). Mais adiante a Bíblia nos
diz:
“Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que
descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo”.
(Ap.21.2). Essa cidade é correlata ao lugar que Jesus afirmara que iria
preparar.
É inevitável a interpretação bíblica que Cristo é o
noivo que vem buscar a sua noiva (a igreja). Ele não falhará em sua promessa.
Maranata.