segunda-feira, 14 de maio de 2018

FÉ PARA OS DESMOTIVADOS


Texto para leitura: Lucas 24.13-32 

O pastor Josué Campanhã, em seu livro vida de líder, faz uma excelente explanação sobre desmotivação. Resumindo o texto desta obra, ele diz que o maior problema dos líderes e suas igrejas não é a motivação propriamente, mas a falta dela. É a desmotivação que emperra ou até mata um ministério ou igreja. É importante entender como surge e de onde ela vem. Queridos, se a desmotivação não for tratada, podemos cair até em uma depressão e em fortes crises de ansiedade.

Definição de motivação: A palavra motivação deriva do latim “movere”, mover, e indica um estado psicológico caracterizado por elevado grau de “disposição ou vontade de realizar uma meta”.

Ele também diz que não adianta fórmulas milagrosas de como motivar as pessoas, se não se tratar as verdadeiras causas desse mal. Se a desmotivação for tratada apenas com paliativos, o líder se sentirá sempre empurrando um trem com muitos vagões, mas com o freio de mão puxado. Incluo aqui também que qualquer pessoa, não tratando sua desmotivação, com certeza se sentirá assim também. Como que puxando uma carroça com rodas quadradas.

Falando em fórmulas milagrosas, sair da igreja local não é a solução. O pastor Rick Warren diz que: “Divorciar-se da igreja ao primeiro sinal de decepção ou desilusão indica imaturidade. Deus tem coisas que quer ensinar a você e aos outros também. Além do mais, não há nenhuma igreja perfeita para onde escapar. Toda igreja tem seu próprio conjunto de fraquezas e problemas, e você logo ficará novamente desapontado [...] Se uma igreja deve ser perfeita para satisfazê-lo, essa mesma perfeição irá excluí-lo dentre seus membros, porque você não é perfeito! Dietrich Bonhoeffer, ministro alemão que foi martirizado por resistir aos nazistas, escreveu o clássico livro sobre comunhão: Life together [A vida em conjunto]. Nele, ele dá a entender que a desilusão com a igreja local é algo bom, porque destrói nossas falsas expectativas de perfeição. Quanto mais rápido renunciarmos à ilusão de que uma igreja deve ser perfeita para que a amemos, mais rápido deixaremos de fingir e admitiremos que somos todos imperfeitos e precisamos de graça. Esse é o início da verdadeira comunidade. Toda igreja deveria afixar uma placa: ‘Pessoas perfeitas não precisam entrar. Este é um lugar somente para os que admitem ser pecadores, precisam de graça e querem crescer’”. (Uma Vida Com Propósito. 160,161).

Os discípulos no caminho de Emaús estavam desmotivados. Havia uma causa – Jesus morreu. E eles não conseguiam pensar em outra coisa, fazendo com que eles não compreendessem mais nada. Nem mesmo discernir que Jesus estava ali ao lado deles caminhando.

Jesus, como o Cabeça da Igreja (Cl.1.18), não deixou seus discípulos a mercê da desmotivação. Pessoalmente, Jesus tá pronto a agir na vida de todos nós para que venhamos recobrar nossa motivação. E a cura que ele oferece é a fé (1Jo.5.4,5). A palavra “mundo”, do NT grego "kosmos", dentre outras definições quer dizer também “afazeres mundanos, conjunto das coisas terrenas”. (Dr. Strong). Precisamos crer em Jesus de todo o coração para que possamos resgatar nossa motivação perdida para cuidarmos de nossos afazeres terrenos. E é a fé que vence o mundo!

Pare e pense: Você tem motivação pra viver? Você tem motivação para contribuir na igreja nas áreas em que lhe é possível? O que pode ter acontecido em sua vida que viver perdeu o sentido? Ou lhe fez perder ou faz perder o prazer de se congregar na igreja, participar das atividades da igreja, exercer os dons que Deus lhe deu?

Essas perguntas precisam não só ser respondidas como você precisa agir, se você tem realmente fé. Pois a fé viva ela nos leva à uma ação (ver Tg.2.17).

Gente, é a fé que faz a motivação vir. Observem o verso final desta pregação (v.32). Enquanto Jesus falava com eles a fé, o coração deles ardia. Do NT grego “kaio”. Onde um dos seus significados era “colocar fogo” (léxico de Strong). Ou seja, a palavra de Cristo ascendia aquilo que havia virado cinza naqueles discípulos (ver Rm.10.17). Amados irmãos e amigos, a palavra de Cristo produz fé porque ele é o autor da vida (Cl.1.16,17) e ele mesmo afirmou ser o caminho, a verdade e a vida (Jo.14.6). Portanto, muitas pessoas podem usar de caminhos alheios a Jesus para obter motivação, mas jamais suprirá por completo o vazio da alma humana, o sentido da vida ou muito menos os problemas em uma igreja local. Seja com pastores, líderes ou membros.

O pastor Josué Campanhã cita ainda em seu livro que fatores motivacionais quando ausentes deixam a pessoa insatisfeita, embora não necessariamente desmotivada. Então fiquemos de olho em nossa fé (ver 2Co.13.5) e em gatilhos que são disparados e geram desmotivação ou insatisfação em nossas vidas. Exemplos: a) Falta de feedback (retorno), b) intromissão no espaço de trabalho do outro, c) falta de apoio comportamental e psicológico, d) negação ou falta de informações suficientes, e) falta de sensibilidade às necessidades do indivíduo, f) comportamento inconsistente por parte daqueles que diretamente afetam o sucesso, g) morte de pessoa querida, h) feridas abertas, i) problemas financeiros, de família, de saúde, de natureza espiritual (pecado não confessado ou não abandonado). Fique atento a esses gatilhos! Não deixe que eles venham apagar em você a chama da fé, o elemento primordial da motivação. (analogia: fogo = fé; ver Lv.6.13).

LIÇÕES NO TEXTO LIDO.

1) Não crie expectativas em cima de situações desconhecidas.
Nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir Israel”. (Lc.24.21 NAA).

Os discípulos que iam pelo caminho conversando com Jesus criaram expectativas escatológicas sem conhecimento bíblico suficiente. Não entendiam que a vinda do Messias tinha duas fases: o Messias sofredor (Is.53) e o Messias dominador (Dn.7.13,14). O próprio Senhor Jesus diz isso para eles:

Como vocês são insensatos e demoram a crer em tudo o que os profetas disseram!”. (idem v.25 NAA). Jesus os chama de pessoas tolas, sem entendimento; pessoas que demoram a crer! Que precisam de tempo para confiar em Deus e na sua Palavra.

SOLUÇÃO: Procure compreender corretamente a Palavra de Deus, para que você não venha a criar expectativas em palavras que Deus não as disse ou promessas que ele não fez. Não crie expectativas em situações que você não sabe ao certo. Confie que Deus sabe o que é melhor para sua vida. Busque esclarecimento de Deus em sua Palavra, com ajuda de seu pastor local e de professores da Escola Bíblica.

2) Não duvide de Deus e nem da Palavra.

Esses discípulos demoraram a compreender a presente situação porque duvidaram da Palavra de Deus. Eles tiveram a comprovação do testemunho das mulheres (v.22,23); dos seus colegas de que o túmulo de Jesus estava vazio (v.24). Mas a incredulidade os cegava. Quando a incredulidade nos domina o coração, não associamos as coisas. O túmulo vazio não foi o suficiente para eles. Ficamos cheios de incertezas, e isso desmotiva completamente a vida do cristão. A Palavra de Deus nos diz: “... o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento. Que uma pessoa dessas não pense que alcançará do Senhor alguma coisa, sendo indecisa e inconstante em todos os seus caminhos”. (Tg.1.6-8 NAA).

SOLUÇÃO: Aprenda a confiar mais em Deus (Sl.125.1). Perceba que toda uma circunstância negativa pode persistir por muito tempo enquanto você não crer que Deus pode mudar. (Veja o pai do menino endemoniado: Mc.9.14-27).

3) Aprenda a enfrentar as coisas encobertas por Deus.
Então os olhos deles se abriram, e eles reconheceram Jesus; mas ele desapareceu da presença deles”. (idem v.31). “Porém os olhos deles estavam como que impedidos de reconhecê-lo”. (idem v.16 NAA).

Aqueles discípulos foram impedidos de ver que era Jesus quem falava com eles. Não compreendiam se quer as Escrituras e o que Jesus havia dito sobre sua morte e ressurreição. Seus olhos ficaram como que fechados. Deus quis que eles ouvissem a voz de Cristo e fossem exortados por ele antes de reconhecê-lo. Assim confiariam em sua Palavra na sua ausência, e não apenas em sua presença.

SOLUÇÃO: Quando nos deparamos em situações assim, em que Deus nos encoberta as coisas, devemos manter nossa sensatez (atitude cautelosa e prudente: ver Mt.7.24-25), confiar nas palavras de Cristo (ver Jo.14.1-3; 16.33) e aceitar quando não compreendemos os caminhos de Deus (Dt.29.29). A provação vem de Deus, a tentação vem do maligno. Independente do que seja, estejamos preparados com a armadura de Deus para que possamos resistir o dia mau (Ef.6.13), e com isso orarmos e vigiarmos com perseverança (Ef.6.18). E que não venhamos a nos preocupar com o dia de amanhã quanto ao que comeremos, beberemos ou vestiremos, pois cada dia tem o seu aborrecimento, seu mal (Mt.6.34).

CONCLUSÃO.

Que Deus abençoe nossas vidas e que todos possamos superar nossas desmotivações, para que elas não venham nos fazer fica ao chão ou nos deixar paralisados na vida.